Mesmo que eu desapareça,
ainda assim, eu pareceria grande.
Que do meu peito embalo conto,
narrar-se apenas.
E de meus modos desfaço e apronto
recrio e existo,
ora perdido, ora encanto.
E se meus medos rebeldes
parecem tantos,
olho-os com maternal cuidado.
Que no mesmo mar que navego
aprumo,
no mesmo mar,
no entanto.
Eu canto nessa romagem
ora partida, ora chegança.
Que meu peito sussurra noite,
e meu canto é feito neblina .
Um não ser findo.
Um quase sempre,
quase alma.
4 comentários:
É o desafio de quem escolhe seguir adiante do mundo, para além das coisas. Que mesmo navegando para longe, existe o lastro. Existe o prumo. Lançando ele, a gente pensa que é fundo, mas é só porque ainda tem pouca corda. Não mergulhar-se, mas subir mais alto, até não precisar mais barcos, mares ou cartas de navegação...
Texto lindo, Amelie. Acho lindo como vc se deixa transparecer nas entrelinhas. O que não diz em palavras, escapa em poemas. Te amo.
Me espanto a cada palavra, desatino em lucidez. Que coisas, que coisas que escreve! Sinto entrar em minha alma, com aquele atrevimento de poeta que nem pede licença, o peso de um sorriso, mesmo que longe e inexato, mesmo que nem sorrido.
Que coisa, menina, que coisa!
Que coisa linda, minha cunhada querida e poetisa.
Bom ver seu eu embalada assim, em versos que flutuam.
Beijo, beijo.
Postar um comentário