"Eu quero um pacto com a simplicidade. Limpar os desejos ocultos. Eu quero ser analfabeta das miudezas, dos disse-que-disse. Meus bolsos, meus bolsos se desfazem das pedras de uma vida inteira carregadas pro vôo das jóias."

Maísa Picasso

6.6.06

Nalgum lugar



Nalgum lugar*
de palhaços e piruetas.
circos e fadas, crianças e máscaras.
Nalgum lugar leveza que carrega o trigo plantado
no homem chão de barro.
Asas e penas acodem mãos enxadas
tecem, tolhem, fiam.
Nalgum lugar a verdade será dita
daqui do canto da alma,
da renascença, flor irrompida.
Aurora.
Nalgum lugar um menino não mais escondido
menino pipa, peão, passarinho,
menino-menino que amanhece chuva, vira a página.
Nalgum lugar
pores-de-sol gentis, alfazemas cheirosas
Nalgum lugar
minha alma a borboletear.

Mai*

*Escutando La Mamma Morta - from The Opera Andrea Chenier –

2 comentários:

Pablo Carvalho disse...

Nalgum lugar
minha alma a borboletear :)

Anônimo disse...

minha alma ta borboleteando com esse post até agora.
que coisa linda, Mai!

adorei esse estilo "deep inside" de escrever.

Linda.