"Eu quero um pacto com a simplicidade. Limpar os desejos ocultos. Eu quero ser analfabeta das miudezas, dos disse-que-disse. Meus bolsos, meus bolsos se desfazem das pedras de uma vida inteira carregadas pro vôo das jóias."

Maísa Picasso

30.11.09

Ultimamente tenho feito menos música e mais sombra.

Revi o filme A casa dos espíritos
E achei graça que não costumamos ver
tantas idades de um mesmo personagem,
Em uma mesma história.
É fácil nos identificarmos com jovens donos do mundo e de seu tempo.
Muito longe de quando são retratados envelhecidos,
Filete de toda energia que possuiram.

Sinto que a vida me trata com carinho.
Ela me esculpe abstrata e inspiradora com as mãos.
E ao sinal do mínimo desvio,
É toda uma revolução do mundo para me trazer de volta.

Quando era pequena, gostava de apreciar
Uns quadros antigos na parede da Fazenda.
Eram casas à beira do lago, moinhos
E cachorros brancos correndo.
Eu pensava que a vida deveria ser deste jeito.
Que o céu de Baleia é cheios de preás.
E o meu jardim secreto tem crianças e bichos,
Flores e árvores, balanço e pessoas amadas.

Acho que tenho um defeito.
Meus sonhos viram realidade ao avesso.
Eu os desejo e acredito tanto,
E com força tamanha, que se transformam
Em realidade apenas no meu mundo.
E ao meu modo, escrevo tantas histórias
Paralelas. Acredito e desacredito, burlo e reescrevo.
Mas nem todos os véus se levantam na madrugada.
E no fim sou só eu e os meus sonhos.

Rodopio, giro, revolvo, balanço, modifico.
Soçobro ao infinito.
Destranco o portão e saio à relva.
Plenitude.

Ainda me lembro do barulinho bom de tocar piano.

2 comentários:

Pablo Carvalho disse...

Te amo muito. Sem blábláblá...

Transitivo e Direto disse...

Oi, Mai.
Sou chegada a um blá blá blá.
risos
E em versos.
E nas histórias cheias de meiguices que sempre leio aqui.

Beijos.

P.S. Casa dos espíritos é um filme lindo. Sou doida pra ler o livro.