A casa do menino é de telha.
Que se esquece uma nas outras,vermelho-barro.
O menino, ora por vez, gosta de ver a vista lá de cima
que dá profundeza nas coisas, uma desacostumança do que é grande.
De cima do telhado do menino dá pra ver a casa inteira
e o quintal e as nuvens e as pessoas.
E tudo parece pequeno daqui de cima.Tudo caixinha de fósforo.
De longe, se vê uma árvore,de galhos longos que crescem pro alto e folhas verdes largas que só nascem nas pontas, espetadas.
Do alto da telha, o menino vê ponto distante
de um preto azedume, azul - lilás.
Que de perto vira pássaro, Pedinte que faz sesta nos galhos.
Do telhado, no alto,
O vento assobia canção de tempo
que chega num crescendo pra memória do menino.
Canção feito lamento de bicho:
-Me ajude a ser livre, diz pro menino.
E eu, que faço?
Do alto do telhado, sentado nas telhas,esquecidas umas sobre as outras, o menino vê a casa e o quintal, as nuvens e as pessoas.
Vê pássaro feito ponto preto, azul-lilás e árvore alta com galhos que destemem o infinito.
E de lá do alto que se vê as coisas miúdas antes grandes,
de lá das desacostumanças,
o menino torna raza a vida:
- Se livra, se livra.
É da vista excedida de quem se acostuma a olhar do alto,
vista noturna, precisa,
que da árvore à vida: o pássaro.
só era preciso, só era preciso soltar os galhos.
Um comentário:
vc escreve de uma jeito que parece uma brisa fresca depois de um almoço em família.
não sei dizer bem, mas refresca, faz bem, feito olho de neném, sabe?
um beijo, querida flor!
adorei esse post.
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