"Eu quero um pacto com a simplicidade. Limpar os desejos ocultos. Eu quero ser analfabeta das miudezas, dos disse-que-disse. Meus bolsos, meus bolsos se desfazem das pedras de uma vida inteira carregadas pro vôo das jóias."

Maísa Picasso

8.8.07

Voando com as borboletas... εïз


Como são dias de chuva eu procuro respostas.
Vôo de volta pra casa.
Com borboletas.

*
Que a Luzia era uma criança diferente das outras todo mundo sabia. Ela tinha um faro pra descoberta, faro pra esquisitice, pra brincadeira avessa, pra porquê. Lá uma vez, sentada no batente da porta da casa, decidiu pensar o porque que o mundo era. Como era um dia de chuva, sentia mais vontade ainda de resposta. E seu Vô que era o adulto mais perto, era o professor da vez.
Ô, vô...
Hum.
Qual que é o tamanho do mundo?
Hum?
O mundo, vô, de que tamanho é?
Ora, ele é, é...é do seu tamanho, menina.
Do meu? Tem certeza?
Sim.
Hum...O João é menor que eu, aquele magrela, quer dizer que o mundo dele é diferente do meu?
É...
E a Glorinha da quarta-série, que o João gosta, ela é maior do que eu e já usa sutiã. De que tamanho é o mundo dela, vô?
Ora, menina...
E eu, vovozinho, de que tamanho sou? De que tamanho é o mundo que é do meu tamanho é? Han?
Luzia...
Vô.
(pausa)
O seu mundo, pequena, é do tamanho dos seus sonhos.
Sabia!

E saiu do batente pra fora da casa, rindo pra dentro, como quem já sabia.

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