"Eu quero um pacto com a simplicidade. Limpar os desejos ocultos. Eu quero ser analfabeta das miudezas, dos disse-que-disse. Meus bolsos, meus bolsos se desfazem das pedras de uma vida inteira carregadas pro vôo das jóias."

Maísa Picasso

10.2.10

O papel de carta cheiroso

Uma amiga minha foi quase assaltada ontem. Que coisa chata é passar por isso. Parece que tiram o chão da gente... Confabulei altos adjetivos para o dito cujo.
Até que me lembrei: já roubei também. Pronto! Eu disse. 

Roubei um papel de carta da minha ex-melhor amiga na segunda série. (Credo!)

Naquela época todo mundo colecionava. Eu tinha uma pastinha especial que a-d-o-r-a-v-a. Acho que foi daí que aprendi a negociar, porque eu precisava saber o valor das peças e a sua raridade. Então, depois podia trocar uma só folha por umas dez, só porque completava uma coleção.

E foi assim que conheci Lilian. Uma loirinha de olho claro e geniosa. Ficamos amigas e logo percebemos que tínhamos um grande empecilho entre nós. Uma coleção exclusiva de duas peças (envelope e papel de carta), no tamanho grande e pequeno, com folha cheirosa, detalhes dourados nas pontas, hum... daquelas raríssimas de encontrar.
   
Eu tinha a coleção do maior e o papel de carta do menor e a Lilian era dona do envelope pequeno mais desejado do colégio. É claro que nenhuma das duas queria se desfazer do objeto tão amado então continuamos a brincar muito nos intervalos das aulas.


Lá um dia brigamos, Deus sabe porquê, mas me lembro da sensação atordoada quando ela me disse que só tinha feito amizade comigo por causa do papel de carta. Ah... que raiva. A intenção dela era que eu trocasse com ela meus três itens da coleção, para que ela, que possuía só o envelope, fizesse o conjunto.

Fiquei tão magoada que na primeira oportunidade que tive tirei o envelope da pasta dela e guardei na minha mochila. Eita, vingança! Mas quando cheguei em casa nem tinha graça. Nesse mesmo dia abandonei minha coleção de papéis decoradinhos, perfumados, cuti-cuti da mamãe.

Acho que a Lilian nem sabia disso. Se ela estiver lendo esse post eu prometo que perfumo todinho um envelope, encho de marca de batom, colagens, coraçõeszinhos e o escambau :)  Perdoa eu?!

2 comentários:

Pablo Carvalho disse...

Uma vez eu levei da creche um brinquedo que não era meu. Minha mãe, quando o viu, voltou na mesma hora para que eu pudesse devolver e pedir desculpas. Não lembro do acontecido, mas é uma história que ela gosta de contar sempre.

Depois disso, foi mais difícil roubar qualquer coisa.

Mas o seu coração eu não devolvo nem a pau. :D

Te amo

Maísa Picasso disse...

Que fofo, Nino.